Agrofloresta X Agricultura Sintrópica X Permacultura X Orgânicos
Agroecologia, Permacultura, Agrofloresta, Agricultura Sintrópica, Orgânicos…
É fácil se perder em meio a tantos conceitos e propostas. Mas e ai, o que é cada um?
Começando pela Agrofloresta. O conceito de agrofloresta já está aqui pelo Brasil desde dos anos 80. O conceito evolui da proposta de Agrossilvicultura, onde espécies lenhosas são cultivadas em consórcio com espécies herbáceas e anuais, então basicamente a idéia surge da possibilidade de consórcio de árvores, plantadas para madeira, e herbáceas para alimentação ou pasto.
Na publicação da Embrapa “Sistemas Agroflorestais: Conceitos e Aplicações” por Vera Lex Engel dá para ter uma idéia, nessa publicação tem uma conceituação legal para quem quiser se aprofundar.
Partindo daí vemos a necessidade de evolução do conceito do Ernst Gostch, quando ele aborda seu método como Agricultura Sintrópica sendo diferente de Agrofloresta, ou seja, qualquer produção de madeira atrelada com herbáceas já estariam englobadas no termo Agrofloresta, sendo assim se eu plantasse Eucalipto consorciado com milho e feijão por exemplo eu já estaria fazendo “Agrofloresta”, muito diferente da Agricultura Sintrópica.
A Agricultura Sintrópica, conceito apresentado pelo Ernst Gotsch, mais do que um simples consórcio entre madeira e herbáceas é baseado na Sintropia,
“O princípio da Sintropia (ao qual a entropia está intimamente ligada, dentro de cada sistema do universo, até mesmo os cibernéticos, vivos ou não) faz com que sua existência seja preservada apesar da entropia nesse mesmo sistema. É um processo que opõe-se à perda de energia, e desorganização através de uma injeção de novas energias geradas a partir deste mesmo processo ou de outros, de fora do sistema, e muitas vezes energia inútil nestes. “-Wikipedia
Sendo assim o sistema Sintrópico já é pensado para ser organizado e estabelecer ganho energético.
Na prática é a busca por um sistema em equilíbrio onde todas as espécies tem seu papel. O Eucalipto não está ali apenas para a produção de madeira, ele irá gerar matéria orgânica que vai adubar o solo, descompactar e buscar nutrientes em outras camadas para devolver ao solo na parte superior, e fazer parte de um sistema de interação entre espécies.
Na Agricultura Sintrópica quem gerencia o sistema está constantemente buscando uma sucessão biodiversa acelerando os processos e buscando uma floresta produtiva. De maneira geral a Agricultura Sintrópica é uma Agrofloresta, mas nem toda Agrofloresta é Sintrópica. A Agrofloresta pode estar pautada em propostas tradicionais de aplicações de venenos, herbicídas sendo apenas uma possibilidade de consorcio agrícola.
A Permacultura é um conceito que nasceu na Austrália desenvolvida por Bill Mollison e David Holmgren. O nome tem origem na união das duas palavras Permanente e Agricultura.
Uma Agricultura Permanente, a Permacultura tem como uma das suas principais bases o design de ambientes sustentáveis como Bill Mollinson descreveu:
“Permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza.”
A Permacultura abrange diversos conceitos, e vai desde a ocupação de um terreno, a criação de lagos artificiais para a fertirrigação.
Orgânicos. Ahh os orgânicos! com selos bonitos e chamando a atenção nas gôndolas de supermercados.
Entre os conceitos aqui apresentados talvez o mais simples, orgânico, apenas aceita a aplicação do que organicamente foi retirado, extraído ou gerado.
Há muitas exigências das certificadoras, e para ter aquele selinho no produto existe uma enorme lista do que tem que ser feito.
Sempre bom lembrar que o orgânico não é sinônimo de sustentável. O orgânico de certo está na minha lista do menos pior. Ele não recebeu agrotóxico nem adubo químico, porém isso não é tudo no meu modo de ver, acredito na Agricultura Sintrópica e na Permacultura onde a idéia e estarmos permanentemente no local, produzindo de forma sadia com o mínimo possível de elementos externos. Mas e o orgânico?
Não acho a simplicidade do orgânico suficiente para uma mudança de consciência e de forma de produção. O orgânico muitas vezes apenas muda o pacote da agricultura tradicional para um pacote tradicional com insumos orgânicos. A lógica de produção, extrativista sem preocupação com o solo continua mas com insumos orgânicos.
E ai o que você acha?
O êxodo rural está mais presente do que nunca em nossas vidas, a família rural, foi embora do campo e isso é um fato no mundo todo deste o engano da revolução industrial.
Hoje o grande desfio de hoje é o combate ao êxodo rural e a volta das famílias ao campo, por meios do incentivo à produção rural e formar o maior número de agricultores familiares.
O único problema é que o homem depois de experimentar a vida na cidade não quer mais como sua única e fiel amiga a enxada.
Com o acesso a informação o novo agricultor familiar quer os mesmos benefícios dos grandes latifundiários sendo estes a tecnologia e o conhecimento ao seu lado e não somente a enxada e o financiamento do Plantio colocando em risco suas terras, ano após ano, colheita aos colheita.
Com nova visão o Fazendeiro Rogerio Festa, da FAZENDA PROAGRO ( http://fazendaproagro.com.br ), acredita que o agricultor moderno na agricultura familiar não quer mais a enxada como parceira e sim um engenheiro agrônomo, para que juntos possam extrair o máximo da terra o melhor custo benefício, com maiores rendimentos de maneira orgânica e consciente.
“Somos a geração saúde e podemos fazer a diferença e trazer o homem de volta ao campo de maneira digna e moderna com internet e acesso a informação, com o apoio de tecnologia o cultivo protegido com agricultura orgânica e sintropia da natureza ” Rogerio Festa.
Na cidade de Almería na Espanha, onde tudo é cultivado em estufas, conseguimos o suporte técnico para trazer ao Brasil o melhor do agronegócios em cultivo protegido do planeta.
A Fazenda Proagro é o mundo dos agronegócios para o pequeno agricultor, hoje somos 531 famílias no campo, amanhã seremos 5 milhões, o mundo dos agronegócios ao alcance de todos.
Oi Rogério,
Também acredito que a volta ao campo é o caminho! Encontrar caminhos para interligar o campo e a cidade com saúde é o nosso maior desafio!
Mão na massa e vamos que vamos.
Abs
Uma forma muito descomplicada de termos que podem confundir. Um bom começo pra quem está meio perdido é esse post! Parabéns Pedro, obrigada por toda sua contribuição. <3
Oi Sil! Obrigado! Feliz em poder ajudar um pouquinho!
Bom dia! Gostei do seu texto e acredito que hoje em dia seja importante esclarecer as diferenças para facilitar a compreensão geral sobre o assunto. Em relação ao sistema orgânico eu compreendo seu ponto de vista ao dizer: “Não acho a simplicidade do orgânico suficiente para uma mudança de consciência e de forma de produção.” e também acredito que a Permacultura e Agricultura Sintrópica são meios de manejo extraordinários. De qualquer maneira é necessário ver que o sistema de cultivo orgânico não é tão similar ao convencional quanto parece. Acredito que existam quatro princípios que norteiam a agricultura orgânica: ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita. Comparando com uma agricultura convencional que utiliza agrotóxicos gerando até câncer nos trabalhadores, não se importa com o valor do trabalhador rural, empobrece e acaba com qualquer fertilidade assim como fauna/flora do local , percebe-se que não é apenas a questão de uma mudança de pacotes de insumos “tradicionais” por insumos orgânicos. Claro, se a fiscalização das certificadoras for pequena ou não for suficiente para cobrir o rápido crescimento de propriedades orgânicas temos como resultado uma má/nula aplicação dos conceitos da verdadeira agricultura orgânica, como já vem acontecendo faz um tempo na Europa.
Obrigado pela oportunidade da leitura!
Abraços!
Oi Diego,
boa tarde! Concordo plenamente o orgânico enquanto conceito de produção deve seguir sim os princípios de ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita, mas se ele for encarado pelo produtor como uma lista de diretrizes para garantir um selo e ter um produto com melhor valor ai sim pode ser um problema. Se ao aparecer a primeira “praga” a solução for correr pra lista de defensivos orgânicos, sem tentar entender o sistema e como melhor a biodiversidade para que nenhum inseto prospere plenamente, ficamos na mesma lógica do produtor convencional. Nesse sentido que digo que o “orgânico” como check-list das certificadoras pode ser simplificado demais para uma mudança de consciência na forma de produção, concordo com você que o produtor orgânico deveria sim incorporar todos os conceitos, mas no dia-a-dia vemos que nem sempre isso acontece.
Obrigado pelo comentário e participação, acredito nesse espaço exatamente para isso trocar idéias e quem sabe melhorar um pouquinho a produção de alimentos por aqui!
Abraços
Muito boa a explicação, alem de instigar a reflexão, desafiando para uma visao mais transformadora.
Claro que o nao uso de agrotóxicos e priorizar os organicos é fundamental, mas uma visao sistêmica e integrada propostas pela agricultura sintrópica e permacultura focam na essência.
Explicaçao simples, direta e orientadora.
Parabéns e grata.
Só esta parte que discordo, mas com toda boa intenção e sem criticar ofensivamente é claro hehehee “Sendo assim se eu plantasse Eucalipto consorciado com milho e feijão por exemplo eu já estaria fazendo “Agrofloresta”, muito diferente da Agricultura Sintrópica.” olha, pela minha experiencia de 10 ano snisso, vejo que não é muito diferente não. apenas que nem todo cultivo agroflorestal é sintrópico, mas se vc perceber, pelo uso de culturas em conjunto, e pela enfase da sucessão, todo culivo sintrópico acaba sendo agroflorstal. uma das grandes diferenças é o adensamento muito mais enfatizado pela sintropia, mas de resto não vejo muia diferença.
Oi Fernando,
Exatamente! A idéia é deixar claro que todo plantio Sintrópico é Agroflorestal, mas nem toda Agrofloresta é Sintrópica.
Sem dúvida que os conceitos se sobrepõem um plantio Sintrópico no fim das contas também é orgânico, agroecológico e agroflorestal tudo ao mesmo tempo.
A explicação dos conceitos é apenas para mostrar quem nem tudo está no mesmo pote, pelo conceito da Embrapa, por exemplo, um consórcio Silvipastoril- Eucalipto e Capim- já poderia ser considerado Agrofloresta e é ai nesse modelos simplificados sem sucessão que a diferença é grande. Críticas bem feitas são sempre produtivas! Obrigado Abs
Para quem se interessar pelo link da Embrapa- não está funcionando no post e estou tendo dificuldade de arrumar… O link do documento é esse:
http://quintalflorestal.com.br/wp-content/uploads/2016/07/SAFs-Embrapa.pdf
A agroecologia seria um ‘parente’ da agricultura sintrópica?
Com certeza! Na Agricultura Sintrópica usamos conceitos e técnicas da Agroecologia.
Ao meu ver a agricultura sitntrópica está debaixo do guarda chuva da Agroecologia.
É uma forma de plantar agroecológica, mas com técnicas específicas.
Pedro,
Parabéns pelo texto, antes de tudo.
Estou começando a estudar os temas pois pretendo viver na roça, mas ainda estou cru.
Você poderia recomendar algum curso presencial de Agricultura Sintrópica?
De preferência por perto de São Paulo, se houver.
Muitíssimo obrigado!
E pra finalizar eu diria que a Agricultura Sintrópica (que por sua vez é uma Agrofloresta sustentável) está inserida nas diversas áreas da Permacultura, que abrange agroecologia, bioconstrução, igualdade social, etc..) Ótimo o texto, me esclareceu muita coisa!!! Parabéns!
Sim!! ótimo adendo! Obrigado!
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Muito bom e pertinente a instigação que você propõe. Concordo com você que muitos que se enveredam por orgânicos acabam substituindo os convencionais pelos orgânicos registrados e que nada mais é do que a “mesma coisa”. Tem gente que acha que usar óleo de neem é não usar agrotóxico porque tem registro de orgânico, mas se é um biocida é uma agrotóxico, mas com a proposta de não ter resíduos, mas aí é uma “briga” e uma “novela” sem fim. Antes eu achava que agrofloresta era essencialmente orgânico e hoje trabalhando com isso entendo que muitos começam adubando convencionalmente e fazendo intervenções químicas quando necessárias, porém o conceito é muito mais amplo! Obrigada por postar e nos permitir refletir. Por gentileza me envie um e-mail porque gostaria de trocar umas idéias com vc. OBRIGADA!!!
Oi! Obrigado pelo comentário! Sim tem muitas facetas e ângulos que podem ser abordados e entendidos de diferentes formas… Acho que essa é também uma das belezas da agrofloresta e agroecologia, nunca encontraremos 2 plantios iguais. Cada agricultor irá colocar seu DNA no plantio! Estou mandando um email! Vamos trocar ideias! Abs!